quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

IV
Daniela sentou-se numa cadeira rolante verde clarinho, e inclinou-se sobre a secretária a fazer a cópia de um texto que tinha como título: “ Foi um ar que lhe deu” e a responder às perguntas de interpretação do mesmo. O texto falava sobre um rei que ninguém gostava porque era muito mau, sobretudo ganancioso. Mas o rei tinha um mal, não podia apanhar ar, tinha sempre as janelas fechadas. Um dia o povo revoltado uniu-se e abriram as janelas. O rei morreu, e quando os soldados perguntaram quem tinha sido, respondiam:- foi um ar que lhe deu. Daniela fez todo o trabalho de casa da escola, e depois de o ter feito foi lanchar. Encaminhou-se para a cozinha, despejou leite num copo , pô-lo numa bandeja, juntamente com uma laranja e cinco bolachas com passas. Dirigiu-se para o jardim, levando consigo uma almofada na qual ela se sentou em cima, ficando ao pé das roseiras e do alecrim. O chão estava coberto de relva verde. Hoje é o dia de folga da mãe. A mãe chama-se Alice, e é professora do 7º e 9ºano de Geografia. O pai é arquitecto e nos tempos livres pinta quadros a guache e, com eles faz exposições e alguns deles são vendidos. O pai chama-se Jorge e fora ele que desenhara a sua casa.
Enquanto Daniela petiscava, Raul chegou da Escola, ele anda no 10º ano. Houve um dia que Daniela foi à escola do irmão com a mãe a uma reunião, ela não gostou daquilo, achou os rapazes demasiadamente grandes e barulhentos. Ela ficou tão assustada que chegou a chorar. Alice tentou logo consolá-la, mas nem por isso conseguiu. Ela só acalmou quando Raul lhe deu um beijinho; seja qual for a situação em que Daniela esteja mal a maneira de confortá-la é o irmão dar-lhe um beijinho na testa.

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