quarta-feira, 11 de junho de 2008

XIV
Daniela começou a fazer um bolo de aniversário para o pai, que ia fazer 45 anos. Alice só chegava depois de Jorge, por isso, Daniela tinha que se desenrascar sozinha. Primeiro foi buscar os ingredientes para o bolo que estavam na receita, pesando-os. De seguida separou as gemas das claras de 4 ovos. Pôs as claras na batedeira eléctrica e bateu-as em castelo. Depois juntou pouco a pouco 150 gramas do açúcar ainda na máquina; 1 copo de sumo de laranja, 4 gemas e por fim 125 gramas de farinha e 1 colher de fermento. Meteu numa forma untada e o irmão ajudou-a a pôr no forno.
Entretanto, Daniela foi à biblioteca ver se conseguia encontrar algum livro sobre a vida depois da morte. Vasculhou os livros e encontrou um sobre o cristianismo. Começou a ler e achou aquilo tudo muito complicado, mas chegou a uma parte em que estava escrito:
“Para alguns, a morte é o final definitivo da vida. Outros pensam que se pode viver para além da morte, mas sem terem a certeza. Outros finalmente têm a firme certeza: esses são os cristãos. Jesus disse: “Quem acreditar em mim tem a vida eterna” (cf. Jo 6, 47). Os Apóstolos compreenderam – No quando viram Jesus ressuscitado. Recordaram-se do que Jesus lhes tinha dito: “Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” ( Jo 11,25). Todos os Homens são chamados a “ressuscitar com Cristo”, a partilhar em plenitude de vida de Deus. Então todos viveremos na alegria para sempre.”
Daniela não percebeu muito bem que estava escrito, por isso deixou a pesquisa. Quando ela foi à cozinha, já o Raul tinha tirado o bolo do forno. Daniela foi guardá-lo num armário para o pai não desconfiar.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

XIII
Jorge foi trabalhar, enquanto isso, Daniela lavou a loiça, e de seguida os dentes. A seguir foi fazer os trabalhos de casa. Ligou o rádio e fê-los num instante.
Eram 16h e ela foi dar milho e cevada às galinhas e erva aos coelhos. Tinha um galo e seis galinhas. Os coelhos eram três e um deles era branco e com os olhos vermelhos.
Daniela lanchou e durante o lanche o irmão chegou. Ela foi logo ter com ele e pergunta-lhe:
- Raul quero saber se há vida depois da morte.
- Para que queres saber isso?
- Olha, quero saber. Existe céu?
- Muitos acreditam que sim. Mas acho que ninguém sabe. É como se Deus existe ou não. É tão parvo dizer que sim como não. Eu acredito que sim. Mas às vezes nem sei!. A vida depois da morte, é o seguinte, a pessoa morre, mas a sua alma não, e esta vai para o céu junto de Deus; percebes?!
- Mais ou menos...
- É pá! És mesmo chata. Se tu fores boazinha vais para o céu, se não fores, vais para o inferno.
- Ah! Quer dizer que também existe o inferno?
- Pois! Sabes que mais, pergunta aos pais que eles sabem mais que eu.
- Ok! maninho.
- Não me chames assim que eu não gosto.
- Ok! Raul.
- Ainda vais fazer o tal bolo?
- Sim, e que tal tu gravares no vídeo, enquanto eu o faço.
- Boa ideia!

terça-feira, 13 de maio de 2008

XII
A casa de Daniela era antes da do Tiago. Despediram-se à maneira especial deles, cada um puxando à de leve a orelha do outro.
Na casa de Daniela, Jorge esperava-a na cozinha com um dos seus cozinhados; hoje era esparguete com legumes e salada. Comeram com pauzinhos, pareciam uns chinezinhos. Daniela aproveitou e perguntou ao pai se existia vida depois da morte. O pai respondeu:
- Sinceramente não sei. Nada está provado acerca desse assunto, embora eu acredite que não. Acho que do modo como nascemos do nada, quando morrermos também não restará nada senão um corpo sem vida. É tudo uma questão de fé, é conforme as religiões, umas acreditam que sim outras não. Aqui em Portugal, a maioria da população é cristã, ou seja acreditam em Deus. Contudo ninguém tem provas se Deus existe ou não, é como já tinha tido, é uma questão de fé. No início do cristianismo as pessoas tomavam Jesus como exemplo de vida, assim as mortes eram bem aceites pelos crentes. Os Romanos colocavam os Judeus, pessoas que acreditavam em Jesus nas arenas afim de serem devorados por leões ou, então eram queimados. Era horrível, mas os Judeus morriam com alegria porque acreditavam que iam para o céu.
- Quer dizer, que os Judeus só surgiram depois de Jesus ter sido morto?
- Não, eles já existiam antes de Jesus. Lembras-te uma vez contei-te a história de Abraão.
- Sim, sim lembro-me. Conta-me mais.
- Bem, o cristianismo ganhou força graças aos mártires. As pessoas viam como aqueles tinham morrido com tanta coragem, e queriam alcançar também aquela fé e força de vontade. A parte de depois de se morrer ir para o céu, ninguém sabe.
- Oh pai, mas porquê matavam os Judeus?
- Porque nessa altura corriam boatos que eles eram canibais, devido à parte em que Jesus disse na última ceia “tomem e comam. Isto é o meu corpo” “bebam ... isto é o meu sangue”.
- Que parvoíce!
- É verdade. Mas agora tenho que ir para o emprego, querida. Adeus. Se quiseres saber mais, pergunta ao teu irmão quando chegar, ou se quiseres, hás-de encontrar livros na biblioteca. Ah! E não te esqueças de dar de comer às galinhas e aos coelhos.
- Adeus pai, e obrigado pela história.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

XI

À 13horas Daniela foi para casa com o seu vizinho chamado Tiago. Ele costumava contar-lhe histórias fantasiosas, coisas provindas de um cérebro recheado de uma fértil imaginação. Contudo Daniela já sabia que quase nada do que ele dizia era verdade, mas mesmo assim ela gostava de acreditar nessas mentiras por instantes. Deixa-se levar pelo imaginário. Ela acredita que dentro de cada corpo existe um universo muito maior que o próprio corpo em si. Ela própria já chegou a pensar que podia ser apenas uma mentira, mas chegou à conclusão que tinha de ser verdade, pois como é que afinal surgiam os sonhos, ou como é que se podia criar tanta coisa. É um universo que tem o nome de imaginação e consciência, e por ser tão vasto é que Daniela lhe deu outro nome.
Hoje encontraram uma pedra preta e pesada que Daniela nunca antes tivera visto, Tiago disse logo que era uma pedra doutro planeta, onde existiam outros seres, extraterrestres. A seguir afirmou que era um sinal de que ia ocorrer uma chuva de baratas. Daniela frisou a cara e disse para o Tiago:
- Hoje foste longe demais, não vês que isso é impossível, as baratas não caem do céu.
- Mas podem ir para o céu. A minha mãe contou-me que quando morremos vamos para o céu.
- Não sei- disse Daniela- acho isso muito esquisito. Existirá mesmo vida depois de morrermos; então se morrermos como é isso?! Quando tinha 7 anos o meu avô José morreu, será que ele está no céu? Mas se ele está lá, porque é que temos de ir ao cemitério? É tão esquisito. Será que existem árvores e animais lá no céu?
- Nehm! Lá no céu só devem existir pessoas e, mais nada.
- Pois! – rindo-se a Daniela – Eu bem te disse que as baratas não vinham do céu!
- Ah! Ah! Ah!, que piada!!
- Bem, temos de nos despedir pois, já estou quase a chegar a casa.- Disse Daniela.
- Olha! Acho que tenho lá em casa um livro que fala sobre isto, amanhã vamos ver quem sabe mais! Aposto como sou eu.
- Tontinho, o que é que tu ganhas com isso?
- Não sei, mas já sabes, eu adoro ser o primeiro a tudo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

X
Com o seu ar distraído, Daniela olha para a janela. A professora, sem ela dar por isso, deu uma chapada na mesa, e Daniela assustou-se, quase que o coração lhe saltava pela boca. Então a professora disse:
- Ai!, menina Daniela , o que estava eu dizendo?
- Não sei, mas sei que era alguma coisa muito importante, porque se não fosse a professora não me estava a perguntar.
- Bem!, se voltas a estar distraída na aula outra vez, nem sei o que te faça!
- Desculpe professora, não volta a acontecer.

Praticamente todos da turma tinham um sorriso estampado nas suas caras; a Irene quase que não se conseguia conter com tanta vontade de rir que ela tinha.
Hoje, Daniela aprendeu a dividir as palavras por sílabas, ela já tinha aprendido mas já não se lembrava muito bem. Aprendeu que quando só existe uma sílaba chama-se monossílabo, que gato era dissílabo e carvalho era polissílabo. Também fez a correcção do trabalho de casa, e uma ficha de matemática.
Tocou a campainha, e Daniela e suas amigas foram brincar. Mas primeiro, ela comeu o lanche que era iogurte e banana. Trocou com suas amigas, folhas de blocos com desenhos com cheiros iguais ao de perfume. Jogou ao elástico, à macaca e às tais brincadeiras com os braços e as mãos.
Daniela fartou-se de brincar como sempre. No recreio havia um pinheiro que ela e a Irene tinham baptizado como símbolo da sua amizade. No recreio também havia duas figueiras, uma alfarrobeira, uma oliveira e uns quantos pinheiros. Ao pé da estrada existia uma roseira, com rosas brancas. De lá os meninos tiravam os espinhos e colavam-nos nas mãos com cuspo, e diziam para as meninas darem um passãobem. Claro que elas não davam, pois já sabiam o truque; inclusive havia raparigas que o faziam também. Daniela não fazia, quando alguém a chateava ela limitava-se a não ligar.
Sem dar por isso o recreio acabou com o som da campainha. Entraram na sala e a professora deu mais matéria, e no fim mandou trabalho para casa.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

IX

Daniela sonha com vespas aquáticas que tinham pompons no rabinho. Eram pretas e vermelhas. Ela sentava-se em cima de um caracol e foi a um castelo para se esconder das vespas. Quando lá chegou surgem milhares de formigas no chão, ela dá um salto para cima de uma mesa, baixa-se e começa a repetir para ela mesma isto é um sonho, isto é um sonho.
Assim, com o senhor sonho, que só aparece quando todos adormecem, a noite foi passando.
O relógio do quarto dos pais apitou, levantaram-se e foram tratar do pequeno-almoço.
Daniela acordou às 7 horas e 20 minutos, olhou pela janela e viu que o dia estava muito lindo. O sol brilhava tanto que até lhe encadeava os olhos. A terra da vizinha estava lavrada, mas não estava toda, existia uma parte que possuía vinha. Ontem tinham ido apanhar as uvas. Daniela recorda-se de um dia que estava a correr pela vinha, e o vizinho ralhar-lhe, mas depois deu-lhe um guacho de uvas e disse que ela era muito bonita.
Daniela vestiu uns calções azuis, uma t-shirt verde, pôs o chapéu que recebera no aniversário, que era cinzento claro como os dos arqueólogos.
Na cozinha sentaram-se todos para tomar o pequeno-almoço. Daniela comeu uma sandes de pão integral com mel e queijo, um copo de leite e uma maçã.
Às 7h e 45m Daniela foi para a escola a pé. A escola que fica a 15 minutos de sua casa.
Ao lado de Daniela, na secretária da escola, fica a sua melhor amiga, Irene. Ficam na segunda mesa da direita, mesmo ao pé da janela. Daniela frequenta o 4ºano e fica no 1ºandar do edifício.

segunda-feira, 31 de março de 2008

VIII

Depois de Daniela fazer o tio andar de um sítio para o outro, sentaram-se à mesa.
Manuel perguntou ao sobrinho se ainda pensava em ser jornalista e, perguntou à Daniela o que ela queria ser. Ela respondeu que ainda não sabia, mas que gostava de ser veterinária ou arqueóloga.
- Não é fácil - começou Daniela – decidir que profissão ter, se existem tantas e tantas coisas giras de que eu gosto que são tão diferentes.
- Estás certa, Daniela, tu ainda és nova e hás-de descobrir para que área tens mais vocação um dia.- disse Manuel.
O tempo foi-se passando entre conversas e olhares silenciosos. O ar tornava-se estranhamente pesado, a luz do candeeiro ia-se tornando forte demais para os olhos cansados de Daniela. Começou a pousar a cabeça sobre a mesa da sala de jantar de madeira castanha, esforçando-se por manter os olhos abertos e os ouvidos atentos ao que diziam. Só que chegou uma altura em que ela foi devorada por um sono maravilhoso. Dormia. Jorge pegou nela e levou-a para a cama, em seguida Alice vestiu-lhe a camisa de dormir. Era a camisa que tinha um ratinho desenhado, no lado direito na parte de cima. A camisa era branca e o ratinho era cor-de-rosa. Enquanto Daniela dormia, Manuel teve de se ir embora. Raul foi para a televisão, ver um filme do Batman. Alice e Jorge decidiram ir-se deitar; eram 23 horas e 10 minutos. Depressa, todos sonhavam.

segunda-feira, 10 de março de 2008

VII

Subitamente alguém bateu à porta. A mãe disse:
- Mas quem é que será a está hora?
Daniela foi abrir a porta, e era e seu tio Manuel, a quem chamavam Manel. Daniela depressa envolveu o tio num ternurento abraço e deu-lhe um beijinho. Ficou logo arrepiada porque o tio tinha a barba por fazer. O tio Manuel era irmão de Alexandre. Às vezes discutiam, mas no fundo eram bons amigos. Alice convidou-o para juntar-se a eles e comer. Manuel aceitou e disse:
- Cheguei mesmo a tempo, é que eu ainda não comi nada.
O Raul retribuiu aquela frase dissendo:
- Pois, pois, o tio quando aparece cá é sempre na hora da refeição. O tio é mesmo poupado!
A mãe deu um olhar como quem diz, cala-te Raul que estás a envergonhar-nos.
Manuel levou aquilo na brincadeira e pegou na Daniela às cavalitas. Ela sorria e dizia:
- Upa! Eu gosto muito do tio. Vamos fazer uma viagem de avião, vamos.
O tio imediatamente, sem ter compreendido bem o que sua sobrinha haverá dito, perguntou:
- Aonde é que vão viajar, e quando?
Jorge disse :
- Não vês que a Daniela está a dizer avião no sentido figurativo da expressão, ela no fundo quer é que tu passeis com ela em cima dos teus ombros, tontinho!!
Manuel disse então:
-Eh! Pois eu percebi logo, só me fiz de desentendido; não sei se me fiz entender?!
Manuel tem uma camisa azul marinho, calças de ganga azuis claras, sapatos engraxados, e tem o cabelo curto, liso e loiro e os olhos castanhos escuros como Daniela.

sexta-feira, 7 de março de 2008

VI
Depois foi brincar com os seus bonequinhos. Primeiro pegou na carroça com os cavalos e, nos homenzinhos que pertenciam a esta. Levou-os para a terra, onde começou a imaginar uma história, como as de cowboys. Já eram 18 horas e 10 minutos, era altura dela ter a sua aula de pintura com o pai que já tivera chegado do trabalho à 1 hora.
Daniela preparou o material; guaches, pincéis, um frasco com água, papel, lápis e borracha. Todos os dias Daniela tinha uma actividade para fazer ou uma aula. Hoje é terça-feira, e é o dia de desenhar. O tema de pintura é a maçã. O pai pôs uma maçã em frente dela, que era amarela, de marca golden.
Ela começou por desenhar o desenho a lápis com a coordenação do pai. Depois pegou no pincel nº5, metendo-o na água, de seguida passou pelo guache amarelo e começou a pintar. Passado uma hora ficou muito parecido à maçã real. O pai ficou muito orgulhoso e disse-lhe que para a próxima semana era uma coisa mais difícil.
O tempo passou e já eram 19horas e 45minutos. Assim reuniram-se todos para ir jantar. A refeição era sopa de grão e espinafre. Era a sopa favorita do Raul. A sopa favorita da Daniela é a de abóbora. Enquanto comiam o pai começou a falar sobre o tema do tabaco e do álcool, e avisou o Raul para ter muito cuidado, e não se deixar influenciar pelos amigos. Também avisou a Daniela, dissendo:
- Não aceites coisas que pessoas desconhecidas possam-te oferecer, nem aceites boleia.
Todos aqueles conselhos deixavam Daniela pouco à vontade na mesa. Todavia ela sabia que o tabaco era prejudicial para a saúde, e que o álcool em excesso também era mau.

Raul começou a falar acerca da escola, que este ano afinal não é tão exigente como tanto diziam, mas que pelo contrário é muito parecido com os outros anos, em existem professores simpáticos e outros menos simpáticos.

segunda-feira, 3 de março de 2008

V
Daniela olhava as rosas enquanto comia, perguntava-se porquê que elas tinham espinhos; pensou, e chegou à conclusão que era para se protegerem como os ouriços faziam com os seus espinhos para não serem comidos. Depois perguntou-se porquê que umas eram amarelas, outras de cor de laranja e ainda outras vermelhas. Pensou, pensou e não chegou a nenhuma resposta. Entretanto Daniela já tinha comido. Foi arrumar tudo nos seus lugares, e lavou o copo que tinha servido para ela beber o leite.
A seguir foi perguntar à sua mãe, a tal questão que ela não conseguira resolver. Alice disse:
- Francamente não sei. Mas sei-te dizer porquê que existem pessoas de cores diferentes. Sabes, os que são, de cor escura vivem em sítios quentes, e os que são branquinhos vivem em zonas frias. Todos os Homens têm uma substância chamada melanina na pele e é essa substância que faz a cor da pele ser diferente, assim como a cor dos olhos e do cabelo. A melanina é produzida em mais ou menos quantidade consoante a quantidade de calor que o sol liberta. A melanina protege-nos dos raios do sol. Os que vivem em África ou Índia têm a cor da pele mais escura, porque lá faz mais calor e, por isso necessitam de estar protegidos. Quando envelhecemos ficamos com os cabelos brancos, esses cabelos não têm melanina.
A Daniela gostou de ter ouvido aquilo, e disse:
- Porquê que as pessoas não gostam dos pretos?
Alice respondeu:
- As pessoas brancas muitas vezes acham-se superiores, mas é tudo igual, o que está dentro de nós é que interessa.
Após o questionário, Daniela foi convidar o irmão para ir dar uma volta de bicicleta. Mas o irmão disse que não tinha tempo, e que ela podia ir brincar com outra coisa qualquer.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

IV
Daniela sentou-se numa cadeira rolante verde clarinho, e inclinou-se sobre a secretária a fazer a cópia de um texto que tinha como título: “ Foi um ar que lhe deu” e a responder às perguntas de interpretação do mesmo. O texto falava sobre um rei que ninguém gostava porque era muito mau, sobretudo ganancioso. Mas o rei tinha um mal, não podia apanhar ar, tinha sempre as janelas fechadas. Um dia o povo revoltado uniu-se e abriram as janelas. O rei morreu, e quando os soldados perguntaram quem tinha sido, respondiam:- foi um ar que lhe deu. Daniela fez todo o trabalho de casa da escola, e depois de o ter feito foi lanchar. Encaminhou-se para a cozinha, despejou leite num copo , pô-lo numa bandeja, juntamente com uma laranja e cinco bolachas com passas. Dirigiu-se para o jardim, levando consigo uma almofada na qual ela se sentou em cima, ficando ao pé das roseiras e do alecrim. O chão estava coberto de relva verde. Hoje é o dia de folga da mãe. A mãe chama-se Alice, e é professora do 7º e 9ºano de Geografia. O pai é arquitecto e nos tempos livres pinta quadros a guache e, com eles faz exposições e alguns deles são vendidos. O pai chama-se Jorge e fora ele que desenhara a sua casa.
Enquanto Daniela petiscava, Raul chegou da Escola, ele anda no 10º ano. Houve um dia que Daniela foi à escola do irmão com a mãe a uma reunião, ela não gostou daquilo, achou os rapazes demasiadamente grandes e barulhentos. Ela ficou tão assustada que chegou a chorar. Alice tentou logo consolá-la, mas nem por isso conseguiu. Ela só acalmou quando Raul lhe deu um beijinho; seja qual for a situação em que Daniela esteja mal a maneira de confortá-la é o irmão dar-lhe um beijinho na testa.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

III
Sonha que está dançando vestida de bailarina. Usa um vestido branco e, tem um laçinho vermelho na seu cabelo castanho escuro. Ao mesmo tempo que dança, diverte-se a lamber um gelado de chocolate. De repente aparece um cavalo castanho, que ela monta. Ele possui uma mancha branca na cabeça, e é muito brilhante. Caminharam os dois por entre campos de aveia e cevada; pelo céu que estava de tons rosa, onde as gaivotas voavam.
Mas este fantástico sonho acabou assim que Daniela despertou para a realidade. Despertou porque o seu gato chamado Tareco começou a miar perto dos seus ouvidos.
Daniela num ar carinhoso disse para o Tareco:
- Está descansado, que eu não me esqueci!, é hora da tua refeição.
Depressa Daniela correu para casa afim de alimentar o seu gato, malhado de preto e branco. O gato tem uma coleira vermelha com um sininho dourado. Ela adora aquele gato, conta-lhe o que pensa, e quando se sente só ou triste ele ajuda-a a superar aquele momento difícil. Eram 15 horas, e Daniela tinha de ir fazer os trabalhos de casa. Apesar de Daniela ser muito responsável, ela achava os trabalhos de casa chatos. Devia ser porque eram obrigatórios. Depois de ver o seu gato comer, levou-o para o seu quarto de maneira que ele visse o que ela estava a fazer.
O seu quarto quase que parecia uma selva metida dentro de um circo. As paredes eram brancas, contudo tinham quadros muito coloridos que seu pai tivera feito. Um tinha um palhaço, outro duas girafas, em resume os quadros davam vida às paredes. No tecto tinha um candeeiro redondo feito de papel. Continha desenhos de pássaros, que pareciam motivos japoneses. A cama tinha um edredom branco, vermelho, amarelo e preto. Eram borboletas e flores; tulipas e begónias. Tinha uma almofada em forma de borboleta, que dava ares de ser uma monarca. Os mosaicos eram, tal como as paredes, brancos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

II
Daniela tem 10 anos e, destaca-se da sua família pelo facto de, embora seja meiga e frágil, é decididamente uma rapariga muito responsável que defende com todas as suas forças a verdade, no que ela acredita que está certo. Pois para ela a verdade é um dos princípios que fundamentam a sua existência, em que as mentiras são como facadas, e só a verdade é que vale. Não importa se ela nos faz sofrer ou não, porque o importante é que ela está sempre certa. Muitas vezes, Daniela não consegue chegar à verdade, por essa razão ela faz imensas perguntas, e a questão que mais faz é “Porquê?”. Não admira que pergunte porquê, se há tantas e tantas coisas que mesmo os mais velhos ainda não sabem; só que com receio ou medo do que os outros pensem ou deixam de pensar, não perguntam. Fingem saber tudo, mas a verdade é que desconhecem a própria verdade. Deixaram de ser filósofos. E afinal o que é ser filósofo? É ter a capacidade de questionar-se sobre coisas que não se sabe, ou pensa-se saber.
Um outro aspecto que distingue Daniela do seu irmão Raul ou dos seus pais, família que está mais próxima dela, é simplesmente que ela é muito sonhadora. A mãe dela reclama muito por isso, e diz que ela anda sempre com a cabeça na lua.Neste momento, passa uma leve aragem de vento vinda do norte e, Daniela sonha.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

I

Doce e frágil é a rapariga que está deitada debaixo de uma alfarrobeira. Dormitando em cima das folhas secas e coloridas do Verão; em cima de pastos, de plantas rasteiras, que em redor do tronco eclodiram. Por aí, passam vermes rastejantes, emergem filas indianas de formigas, poisam aqui e acolá escaravelhos, uns de cor preta e cor de laranja, outros de cor verde e, ainda outros que têm o corpo pintado de preto. Borboletas brancas voam apressadas, como se quisessem fugir do tremendo calor que hoje faz. Aqui não se ouve o som esgotante e stressante de automóveis e motos, apenas dá para apreciar o cantar dos pássaros, sendo na maioria das vezes pardais e, cigarras; de vez em quando, ouve-se o ladrar de cães e o zumbido das moscas e mosquitos.
Desfrutando de um leve sono, Daniela deixou-se levar pelo irresistível e encantador sonho. Embalada pela fantasia, partiu para outra dimensão, um mundo que está à mercê do nosso poder de decisão, através da avioneta da ilusão para uma floresta exótica onde se refugiam recortes e se arremedam pedaços da vida quotidiana e real com a imaginação e pureza de uma criança.