quarta-feira, 11 de junho de 2008

XIV
Daniela começou a fazer um bolo de aniversário para o pai, que ia fazer 45 anos. Alice só chegava depois de Jorge, por isso, Daniela tinha que se desenrascar sozinha. Primeiro foi buscar os ingredientes para o bolo que estavam na receita, pesando-os. De seguida separou as gemas das claras de 4 ovos. Pôs as claras na batedeira eléctrica e bateu-as em castelo. Depois juntou pouco a pouco 150 gramas do açúcar ainda na máquina; 1 copo de sumo de laranja, 4 gemas e por fim 125 gramas de farinha e 1 colher de fermento. Meteu numa forma untada e o irmão ajudou-a a pôr no forno.
Entretanto, Daniela foi à biblioteca ver se conseguia encontrar algum livro sobre a vida depois da morte. Vasculhou os livros e encontrou um sobre o cristianismo. Começou a ler e achou aquilo tudo muito complicado, mas chegou a uma parte em que estava escrito:
“Para alguns, a morte é o final definitivo da vida. Outros pensam que se pode viver para além da morte, mas sem terem a certeza. Outros finalmente têm a firme certeza: esses são os cristãos. Jesus disse: “Quem acreditar em mim tem a vida eterna” (cf. Jo 6, 47). Os Apóstolos compreenderam – No quando viram Jesus ressuscitado. Recordaram-se do que Jesus lhes tinha dito: “Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” ( Jo 11,25). Todos os Homens são chamados a “ressuscitar com Cristo”, a partilhar em plenitude de vida de Deus. Então todos viveremos na alegria para sempre.”
Daniela não percebeu muito bem que estava escrito, por isso deixou a pesquisa. Quando ela foi à cozinha, já o Raul tinha tirado o bolo do forno. Daniela foi guardá-lo num armário para o pai não desconfiar.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

XIII
Jorge foi trabalhar, enquanto isso, Daniela lavou a loiça, e de seguida os dentes. A seguir foi fazer os trabalhos de casa. Ligou o rádio e fê-los num instante.
Eram 16h e ela foi dar milho e cevada às galinhas e erva aos coelhos. Tinha um galo e seis galinhas. Os coelhos eram três e um deles era branco e com os olhos vermelhos.
Daniela lanchou e durante o lanche o irmão chegou. Ela foi logo ter com ele e pergunta-lhe:
- Raul quero saber se há vida depois da morte.
- Para que queres saber isso?
- Olha, quero saber. Existe céu?
- Muitos acreditam que sim. Mas acho que ninguém sabe. É como se Deus existe ou não. É tão parvo dizer que sim como não. Eu acredito que sim. Mas às vezes nem sei!. A vida depois da morte, é o seguinte, a pessoa morre, mas a sua alma não, e esta vai para o céu junto de Deus; percebes?!
- Mais ou menos...
- É pá! És mesmo chata. Se tu fores boazinha vais para o céu, se não fores, vais para o inferno.
- Ah! Quer dizer que também existe o inferno?
- Pois! Sabes que mais, pergunta aos pais que eles sabem mais que eu.
- Ok! maninho.
- Não me chames assim que eu não gosto.
- Ok! Raul.
- Ainda vais fazer o tal bolo?
- Sim, e que tal tu gravares no vídeo, enquanto eu o faço.
- Boa ideia!

terça-feira, 13 de maio de 2008

XII
A casa de Daniela era antes da do Tiago. Despediram-se à maneira especial deles, cada um puxando à de leve a orelha do outro.
Na casa de Daniela, Jorge esperava-a na cozinha com um dos seus cozinhados; hoje era esparguete com legumes e salada. Comeram com pauzinhos, pareciam uns chinezinhos. Daniela aproveitou e perguntou ao pai se existia vida depois da morte. O pai respondeu:
- Sinceramente não sei. Nada está provado acerca desse assunto, embora eu acredite que não. Acho que do modo como nascemos do nada, quando morrermos também não restará nada senão um corpo sem vida. É tudo uma questão de fé, é conforme as religiões, umas acreditam que sim outras não. Aqui em Portugal, a maioria da população é cristã, ou seja acreditam em Deus. Contudo ninguém tem provas se Deus existe ou não, é como já tinha tido, é uma questão de fé. No início do cristianismo as pessoas tomavam Jesus como exemplo de vida, assim as mortes eram bem aceites pelos crentes. Os Romanos colocavam os Judeus, pessoas que acreditavam em Jesus nas arenas afim de serem devorados por leões ou, então eram queimados. Era horrível, mas os Judeus morriam com alegria porque acreditavam que iam para o céu.
- Quer dizer, que os Judeus só surgiram depois de Jesus ter sido morto?
- Não, eles já existiam antes de Jesus. Lembras-te uma vez contei-te a história de Abraão.
- Sim, sim lembro-me. Conta-me mais.
- Bem, o cristianismo ganhou força graças aos mártires. As pessoas viam como aqueles tinham morrido com tanta coragem, e queriam alcançar também aquela fé e força de vontade. A parte de depois de se morrer ir para o céu, ninguém sabe.
- Oh pai, mas porquê matavam os Judeus?
- Porque nessa altura corriam boatos que eles eram canibais, devido à parte em que Jesus disse na última ceia “tomem e comam. Isto é o meu corpo” “bebam ... isto é o meu sangue”.
- Que parvoíce!
- É verdade. Mas agora tenho que ir para o emprego, querida. Adeus. Se quiseres saber mais, pergunta ao teu irmão quando chegar, ou se quiseres, hás-de encontrar livros na biblioteca. Ah! E não te esqueças de dar de comer às galinhas e aos coelhos.
- Adeus pai, e obrigado pela história.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

XI

À 13horas Daniela foi para casa com o seu vizinho chamado Tiago. Ele costumava contar-lhe histórias fantasiosas, coisas provindas de um cérebro recheado de uma fértil imaginação. Contudo Daniela já sabia que quase nada do que ele dizia era verdade, mas mesmo assim ela gostava de acreditar nessas mentiras por instantes. Deixa-se levar pelo imaginário. Ela acredita que dentro de cada corpo existe um universo muito maior que o próprio corpo em si. Ela própria já chegou a pensar que podia ser apenas uma mentira, mas chegou à conclusão que tinha de ser verdade, pois como é que afinal surgiam os sonhos, ou como é que se podia criar tanta coisa. É um universo que tem o nome de imaginação e consciência, e por ser tão vasto é que Daniela lhe deu outro nome.
Hoje encontraram uma pedra preta e pesada que Daniela nunca antes tivera visto, Tiago disse logo que era uma pedra doutro planeta, onde existiam outros seres, extraterrestres. A seguir afirmou que era um sinal de que ia ocorrer uma chuva de baratas. Daniela frisou a cara e disse para o Tiago:
- Hoje foste longe demais, não vês que isso é impossível, as baratas não caem do céu.
- Mas podem ir para o céu. A minha mãe contou-me que quando morremos vamos para o céu.
- Não sei- disse Daniela- acho isso muito esquisito. Existirá mesmo vida depois de morrermos; então se morrermos como é isso?! Quando tinha 7 anos o meu avô José morreu, será que ele está no céu? Mas se ele está lá, porque é que temos de ir ao cemitério? É tão esquisito. Será que existem árvores e animais lá no céu?
- Nehm! Lá no céu só devem existir pessoas e, mais nada.
- Pois! – rindo-se a Daniela – Eu bem te disse que as baratas não vinham do céu!
- Ah! Ah! Ah!, que piada!!
- Bem, temos de nos despedir pois, já estou quase a chegar a casa.- Disse Daniela.
- Olha! Acho que tenho lá em casa um livro que fala sobre isto, amanhã vamos ver quem sabe mais! Aposto como sou eu.
- Tontinho, o que é que tu ganhas com isso?
- Não sei, mas já sabes, eu adoro ser o primeiro a tudo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

X
Com o seu ar distraído, Daniela olha para a janela. A professora, sem ela dar por isso, deu uma chapada na mesa, e Daniela assustou-se, quase que o coração lhe saltava pela boca. Então a professora disse:
- Ai!, menina Daniela , o que estava eu dizendo?
- Não sei, mas sei que era alguma coisa muito importante, porque se não fosse a professora não me estava a perguntar.
- Bem!, se voltas a estar distraída na aula outra vez, nem sei o que te faça!
- Desculpe professora, não volta a acontecer.

Praticamente todos da turma tinham um sorriso estampado nas suas caras; a Irene quase que não se conseguia conter com tanta vontade de rir que ela tinha.
Hoje, Daniela aprendeu a dividir as palavras por sílabas, ela já tinha aprendido mas já não se lembrava muito bem. Aprendeu que quando só existe uma sílaba chama-se monossílabo, que gato era dissílabo e carvalho era polissílabo. Também fez a correcção do trabalho de casa, e uma ficha de matemática.
Tocou a campainha, e Daniela e suas amigas foram brincar. Mas primeiro, ela comeu o lanche que era iogurte e banana. Trocou com suas amigas, folhas de blocos com desenhos com cheiros iguais ao de perfume. Jogou ao elástico, à macaca e às tais brincadeiras com os braços e as mãos.
Daniela fartou-se de brincar como sempre. No recreio havia um pinheiro que ela e a Irene tinham baptizado como símbolo da sua amizade. No recreio também havia duas figueiras, uma alfarrobeira, uma oliveira e uns quantos pinheiros. Ao pé da estrada existia uma roseira, com rosas brancas. De lá os meninos tiravam os espinhos e colavam-nos nas mãos com cuspo, e diziam para as meninas darem um passãobem. Claro que elas não davam, pois já sabiam o truque; inclusive havia raparigas que o faziam também. Daniela não fazia, quando alguém a chateava ela limitava-se a não ligar.
Sem dar por isso o recreio acabou com o som da campainha. Entraram na sala e a professora deu mais matéria, e no fim mandou trabalho para casa.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

IX

Daniela sonha com vespas aquáticas que tinham pompons no rabinho. Eram pretas e vermelhas. Ela sentava-se em cima de um caracol e foi a um castelo para se esconder das vespas. Quando lá chegou surgem milhares de formigas no chão, ela dá um salto para cima de uma mesa, baixa-se e começa a repetir para ela mesma isto é um sonho, isto é um sonho.
Assim, com o senhor sonho, que só aparece quando todos adormecem, a noite foi passando.
O relógio do quarto dos pais apitou, levantaram-se e foram tratar do pequeno-almoço.
Daniela acordou às 7 horas e 20 minutos, olhou pela janela e viu que o dia estava muito lindo. O sol brilhava tanto que até lhe encadeava os olhos. A terra da vizinha estava lavrada, mas não estava toda, existia uma parte que possuía vinha. Ontem tinham ido apanhar as uvas. Daniela recorda-se de um dia que estava a correr pela vinha, e o vizinho ralhar-lhe, mas depois deu-lhe um guacho de uvas e disse que ela era muito bonita.
Daniela vestiu uns calções azuis, uma t-shirt verde, pôs o chapéu que recebera no aniversário, que era cinzento claro como os dos arqueólogos.
Na cozinha sentaram-se todos para tomar o pequeno-almoço. Daniela comeu uma sandes de pão integral com mel e queijo, um copo de leite e uma maçã.
Às 7h e 45m Daniela foi para a escola a pé. A escola que fica a 15 minutos de sua casa.
Ao lado de Daniela, na secretária da escola, fica a sua melhor amiga, Irene. Ficam na segunda mesa da direita, mesmo ao pé da janela. Daniela frequenta o 4ºano e fica no 1ºandar do edifício.

segunda-feira, 31 de março de 2008

VIII

Depois de Daniela fazer o tio andar de um sítio para o outro, sentaram-se à mesa.
Manuel perguntou ao sobrinho se ainda pensava em ser jornalista e, perguntou à Daniela o que ela queria ser. Ela respondeu que ainda não sabia, mas que gostava de ser veterinária ou arqueóloga.
- Não é fácil - começou Daniela – decidir que profissão ter, se existem tantas e tantas coisas giras de que eu gosto que são tão diferentes.
- Estás certa, Daniela, tu ainda és nova e hás-de descobrir para que área tens mais vocação um dia.- disse Manuel.
O tempo foi-se passando entre conversas e olhares silenciosos. O ar tornava-se estranhamente pesado, a luz do candeeiro ia-se tornando forte demais para os olhos cansados de Daniela. Começou a pousar a cabeça sobre a mesa da sala de jantar de madeira castanha, esforçando-se por manter os olhos abertos e os ouvidos atentos ao que diziam. Só que chegou uma altura em que ela foi devorada por um sono maravilhoso. Dormia. Jorge pegou nela e levou-a para a cama, em seguida Alice vestiu-lhe a camisa de dormir. Era a camisa que tinha um ratinho desenhado, no lado direito na parte de cima. A camisa era branca e o ratinho era cor-de-rosa. Enquanto Daniela dormia, Manuel teve de se ir embora. Raul foi para a televisão, ver um filme do Batman. Alice e Jorge decidiram ir-se deitar; eram 23 horas e 10 minutos. Depressa, todos sonhavam.